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Setor de serviços corre risco de sofrer apagão de mão de obra

Um dos estados que mais cresce no país e palco da final da Copa de 2014 e das  Olimpíadas 2016, o Rio de Janeiro precisa investir em treinamento profissional  se não quiser sofrer as consequências de um apagão de mão de obra no setor de  serviços nos próximos anos. O alerta é do professor Lívio Giosa, autor do livro  “O Brasil profissional: a hora e a vez da competência”.

— A situação é ainda mais preocupante do que na indústria — afirma o  especialista, que falará sobre o assunto nesta sexta-feira, durante o II  Congresso Nacional de Terceirização e Gestão de Serviços (Conterge), na Bolsa de  Valores do Rio de Janeiro.

Giosa explica que o setor de serviços demanda uma mão de obra diversa, com  vários tipos de especializações, mas, devido à baixa qualidade do ensino de base  no Brasil, a capacitação profissional não corresponde às necessidades do  mercado. Enquanto na indústria boa parte dos investimentos é destinada à  tecnologia, no setor de serviços, o gasto com mão de obra chega a 70% da  receita, mas nem sempre os profissionais são capazes de atender à demanda do  mercado. E lembra que, neste segmento, a composição de atividades se baseia em  pessoas. Para se ter uma ideia, diz, uma grande empresa de serviços tem cerca  mil funcionários:

— O Rio de Janeiro e o Nordeste estão se desenvolvendo muito mais rapidamente  do que o restante do país. Nos próximos anos, o Rio receberá eventos  internacionais, por isso, as empresas precisam investir em treinamento para que  sejam bem vistas pelos turistas. Tudo isso para que não se repita o que ocorreu  com Atenas, que recebeu os Jogos Olímpicos de 2004 e não reverteu os  investimentos feitos em benefício próprio. É imprescindível que se tome  providências em relação à infraestrutura e ao atendimento.

Outro problema que o setor enfrenta é escassez de profissionais fluentes em  outros idiomas, principalmente o inglês. Segundo Adalberto Santos, diretor de  empresas de RH e Trabalho Temporário da Associação de Empresas Prestadoras de  Serviços do Estado do Rio de Janeiro (Aeps-RJ), é importantíssimo que quem  trabalha com público tenha o domínio de um segundo idioma, especialmente diante  da realização desses eventos internacionais no estado.

Segundo Adalberto, as profissões mais requisitadas neste cenário de  crescimento econômico do estado e, especialmente, antes e durante os eventos  internacionais — e que enfrentam maior risco de apagão de mão de obra — são  justamente aquelas ligadas a atendimento ao cliente de uma forma em geral, como  hotelaria, vendas e atendimento em bares e restaurantes:

— Mas é na área de vendas que se escuta mais reclamações de falta de mão de  obra especializada. Vender é uma arte e, para isso, não basta saber falar uma  segunda língua. Tem que saber se comunicar. E quem mais perde com um mau  atendimento no comércio é o próprio empreendedor.

Adalberto lembra que o salário de um vendedor pode chegar a R$ 1,5 mil ou  mais, dependendo do desempenho. Já quem trabalha com atendimento em lojas e  restaurantes ganha entre R$ 800 e R$ 1,3 mil. As remunerações, no entanto, podem  ficar maiores conforme o profissional vai se aperfeiçoando.

— Para o empregador, é imprescindível investir em treinamento e, assim,  manter o alto nível de atendimento. Mas, tendo em vista os eventos que o Rio de  Janeiro receberá nos próximos anos, seria interessante mesmo a criação de cursos  voltados para o atendimento ao público na área técnica — ressalta Adalberto.

Segundo ele, aqueles que querem entrar para este mercado precisam, antes de  mais nada, se qualificar, através de cursos específicos e técnicos, dominar um  outro idioma, no mínimo o inglês, e analisar este momento não como passageiro,  mas sim como uma chance de aprimoramento e formação de carreira.

— Quem trabalha na área de serviços deve perceber que não exerce uma função  passageira, mas que pode evoluir e construir uma carreira de sucesso no setor — afirma o diretor da Aeps-RJ, lembrando que o setor de serviços é o que mais gera  empregos, seguido por comércio.

Alguns números do setor:

Terceirização – No Brasil, 32,5 mil empresas atuantes nos  segmentos de prestação de serviços especializados geram empregos diretos e  indiretos e contribuem para reduzir a informalidade. Estima-se que, atualmente,  10 milhões de trabalhadores sejam terceirizados, ou seja, contratados por uma  empresa que presta serviço para outra ou para o estado.

Empregos – O setor de Serviços é o que mais gera empregos  formais no país (15,3 milhões de trabalhadores, ante o total de 46,3 milhões  formais). Em segundo lugar vem comércio, com um total de 8,8 milhões de  trabalhadores empregados.

Crescimento – Entre 2010 e 2011, o setor de serviços foi o  que apresentou mais crescimento absoluto, trazendo para o mercado formal de  trabalho (com carteira assinada) 1 milhão de novos trabalhadores.

 

Fonte : Jornal O Globo

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